O Salto

Postado por Monica Pereira
em 24 de maio de 2022

Este ano completei 40 anos e resgatei um desejo muito antigo de saltar de paraquedas.

Antes disso, decidi fazer minha pesquisa. Apesar de ser um desejo por uma aventura que envolve emoção e novidade, eu ainda continuo sendo como sou. Gosto de saber o que esperar e ter um mínimo de controle sobre a situação. Li diferentes descrições sobre a sensação que é saltar, dentre elas, uma que me chamou muita atenção, era algo como "não é sensação nem de estar caindo e nem de estar voando, é algo indescritível…". Fiquei com isso na cabeça e muito curiosa para saber como é essa sensação indescritível.

Além do meu fascínio por voar, estava tomada por um desejo de experimentar algo novo enquanto meu corpo e minha mente se debatiam no paradoxo insano entre o desejo de permanecer jovem pelo primeiro e o tão esperado amadurecimento pelo segundo, onde todas as inseguranças, medos, angústias ficam no passado. Sim eu sei, isso não existe, mas gosto de acreditar que pelo menos vai melhorar…muito.

Mas voltando ao salto… Eu ia com uma amiga que no dia acabou não podendo ir. Estava chovendo no fim de semana e quando falei com o meu instrutor por mensagem, ele disse: "venha que uma hora o tempo abre". Contrariando todos os meus instintos protecionistas, fui!

Sabe como foi?

Indescritível!

Mentira, foi maravilhoso, mas totalmente descritível, pelo menos na minha experiência pessoal. Nos 30 segundos de queda livre, a sensação é de estar caindo mesmo. Só caindo e muito rápido. Assim que abrem a porta do pequeníssimo avião que está a 10 mil pés de altura e o vento entra, bate o medo, o coração acelera e a vontade é de voltar. Não dá, você está a 10 mil pés, amarrada no seu instrutor e o único jeito de descer é saltando.

Mas depois que você salta, com o tempo, ainda dentro dos 30 segundos de queda livre, você se acostuma com a queda, é muito alto, e você sabe que vai demorar a chegar ao chão. O medo vai diminuindo e a sensação de liberdade vai aumentando. Até que o paraquedas abre, é como se o tempo parasse. O vento diminui, você agora está em posição vertical, como se estivesse em pé. O silêncio é algo à parte que precisa ser sentido, e você olha a paisagem. Aqueles pontinhos de concreto começam a ficar mais nítidos e você vê as casas. Os diferentes verdes que separam as plantações começam a ficar mais definidos e você consegue enxergar os diferentes tipos de árvores, gramas, estradas, carros, até que você começa a enxergar as pessoas. Elas estão paradas olhando para o céu. Esperando você aterrissar. Passaram-se em torno de 4 minutos e você chega ao chão.

E, além da experiência fantástica que é o próprio salto, fica o sentimento de mais um desejo realizado. Missão cumprida! E aí você pensa: "qual o próximo item da lista?". Chego em casa e digito na ferramenta de busca: "salto de paraquedas com wingsuit". Afinal de contas, eu tenho apenas 40 anos!

E você, qual a sua lista de desejos?

Monica Pereira

(Este texto expressa minha opinião pessoal,
sem vínculo com instituições que sou afiliada.)