Indicação de leitura
Tetralogia de Elena Ferrante
Postado por Allana Carvalho
em 14 de março de 2022
A indicação de leitura desta semana não é de um livro, mas de quatro. E que valem por dez (e não é exagero!). Trata-se da “tetralogia napolitana” de Elena Ferrante. Leva esse nome porque vários acontecimentos da história giram em torno da cidade de Nápoles, na Itália (país da escritora). Basicamente, os quatro livros retratam a história de uma amizade entre duas pessoas, Elena Greco e Rafaella Cerullo (ou simplesmente Lenu e Lila), desde a infância e adolescência delas (primeiro livro), passando pela juventude (segundo livro) até a idade adulta e o envelhecimento (terceiro e quarto livros).
Falando assim, parece até uma história simples e previsível, sem muitos acontecimentos envolventes. Talvez você se pense capaz de imaginar os eventos que devem ter acontecido em cada fase da vida dessas duas mulheres e em como deve ter sido a relação entre elas. Mas é justamente aí que Elena Ferrante impressiona: pela complexidade da vida real. Os livros, em momento algum, se mantêm na superficialidade; eles acessam sentimentos reais, de relações reais entre pessoas reais. Longe de polarizações bom x mau, as personagens construídas por Elena Ferrante amam, mesmo quando odeiam; são capazes de generosidade, mesmo sentindo inveja; desejam ficar, mesmo quando resolvem ir; desejam ruptura, mas também são continuidade; são asas, mas também são raízes – assim como eu e como você.
Por vários momentos da leitura, a dose de realidade foi tanta, que precisei parar um pouco pra assimilar tudo o que os livros me geravam de questionamentos sobre mim, sobre minha vida, sobre minhas relações. Em vários outros momentos, veio aquele sentimento de “Então outra pessoa também sente isso? Não sou só eu?!”, justamente de alguma personagem que eu pensava ser a mais diferente de mim. No início da leitura da tetralogia, eu tentava me enquadrar em “sou como Lila” ou “sou como Lenu”, tentando uma superficialidade ingênua que não existe nos livros de Elena Ferrante, e nem na vida. E, na minha opinião, os livros são impecáveis justamente nisso: em lembrar que não adianta tentar simplificar ou que não pode ser simplificado, mesmo que seja bastante desafiador aceitar a complexidade (das pessoas, das relações, da vida).
Já ia esquecendo de falar os títulos dos livros! São, em ordem: “A amiga genial”, “História do novo sobrenome”, “História de quem foge e de quem fica” e “História da menina perdida”. Recomendo demais a leitura deles – aliás, ainda não li nada de Elena Ferrante que eu não recomende demais! Se quiser comentar aqui depois sobre o que acha desses livros, vou adorar conversar sobre isso!
Allana Carvalho
(Este texto expressa minha opinião pessoal,
sem vínculo com instituições que sou afiliada.)
Crédito da imagem: OrnaW / Pixabay