Ambientes de estudo, pesquisa e trabalho e obstáculos encontrados por mulheres nas áreas STEM

Postado por Izabela Paiva em 10 de agosto de 2021





As áreas de estudo e atuação de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, inseridas dentro da terminologia STEM (do inglês, science, technology, engineering and mathematics), seguem com pequena participação de mulheres. Por mais que elas tenham dado contribuições importantes, que permitiram muitos dos avanços tecnológicos e científicos que vivenciamos hoje - como por exemplo Ada Lovelace (1815-1852), primeira pessoa a desenvolver um algoritmo capaz de ser lido por máquinas -, a presença feminina ainda é minoritária e, mesmo a título de resgate histórico, muitas vezes é omitida!

A nossa rotina nessas áreas é marcada pela desvalorização do trabalho, assédio sexual, abuso moral e baixa representavidade, como citado acima. Esse conjunto de fatores vem acompanhado de relatos de como esses espaços evocam, em muitas, o sentimento de inadequação e de incompetência para a ocupação das vagas. Às questões de ordem social, somam-se também as de ordem financeira. Além da desigualdade salarial, mulheres nas áreas das STEM têm menos acesso a fundos destinados à pesquisa, redes de contato e posições seniores, o que nos coloca sempre alguns passos atrás dos homens.

Na área de TI no Brasil, por exemplo, apenas 18% das pessoas graduadas em Ciência da Computação e 20% daquelas ativas no mercado de trabalho são do sexo feminino. A competitividade do ambiente profissional e a baixa presença de mulheres contribuem para uma constante pressão por ocupar de maneira objetiva e produtiva o espaço no qual estamos inseridas.

Essa pressão causa em muitas de nós o sentimento de não poder errar, induzindo à inalcançável e exaustiva demanda de não falhar! Quando algo dá errado, somos excessivamente cobradas e, por vezes, ridicularizadas, o que não acontece com os homens. Deparamo-nos, ainda, com a constante interrupção de nossas falas ou com a invalidação de nossas argumentações, mesmo que tenhamos fluência e domínio da área. A combinação de todos esses fatores contribui para a criação de uma toxicidade sustentada em áreas da STEM.

Felizmente, esse cenário tem começado a mudar. Podemos hoje contar com redes de apoio formadas por mulheres, como os grupos PyLadies, Femme IT e Girls Who Code, e com a presença importantíssima, mesmo que ainda de maneira não equânime, de mulheres em posições de liderança, a exemplo de Nina Silva, executiva na área de TI e fundadora do movimento Black Money. A existência destes movimentos e de casos como o de Nina ampliam horizontes e permitem que, aos poucos, as mulheres sejam mais bem acolhidas nesses espaços e avaliadas objetivamente, com base em suas formações, experiências e competências profissionais.

Essa é a minha perspectiva sobre esse cenário. E para você, como tem sido sua trajetória até aqui? Compartilha com a gente!

Abraços,
Izabela Paiva
Mestranda e analista de dados

(Este texto expressa minha opinião pessoal,
sem vínculo com instituições que sou afiliada.)

Crédito da Imagem: Gerd Altmann from Pixabay

Referências

  1. Mulheres ocupam apenas 25% dos empregos de TI no país, aponta levantamento
  2. Mulheres e tecnologia: quais brasileiras estão dando um show?
  3. Mulheres empoderam a área de T.I.
  4. Women feel extra pressure to prove themselves in male-dominated majors
  5. Sorry for existing: the struggle of being a woman in engineering