Parte II
(Esse texto faz parte de uma sequência para discutirmos
os processos de “livre escolha”, por nós conquistado,
e sua influência em nossas jornadas profissionais)
Quando comecei a rascunhar este texto, a primeira ideia que veio na minha cabeça foi de compartilhar minha experiência própria e falar sobre como eu estava aprendendo a dizer “não” no trabalho e como isto estava sendo empoderador, por me fazer ganhar mais autoconfiança e, ao mesmo tempo, produtivo, por reduzir minha sobrecarga.
Mas estava ficando frustrada com meu texto e sentindo que não estava refletindo o que realmente gostaria... Então, comecei a ler sobre o tema. Você já procurou sobre esse tema? Existem dezenas e dezenas de sites falando sobre a dificuldade em dizer “não” e dando dicas para nos ajudar a conseguir dizer “não”.
Não me identifiquei com nenhum deles. Pelo menos não com as dicas. As dificuldades em dizer “não” passam por muitas questões de autoconfiança, de carência, de necessidade de agradar, de medo. E não dá para mudar um comportamento que é o resultado de uma vida inteira com as “top 5 dicas de como dizer não”. Mais importante ainda é entender que para muitas mulheres a resposta ao não é a demissão, o assédio moral, a violência, a morte.
Então decidi jogar fora todos os outros rascunhos que escrevi e dedicar esse texto para todas as mulheres que têm dificuldade em dizer “não” e para todas que simplesmente não podem dizer “não”.
Que este texto possa servir de abrigo para que possamos nos sentir acolhidas e protegidas. Cá entre nós, mesmo com tanta determinação, têm dias que a gente só precisa de um pouco de escuta e compreensão.
O acolhimento também nos fortalece e a escuta também nos encoraja. Acredito que esse é o primeiro passo para empoderar umas às outras para que, finalmente, possamos dizer o “não” que está sufocado, todas e quantas vezes forem necessárias.
Monica Pereira
(Este texto expressa minha opinião pessoal,
sem vínculo com instituições que sou afiliada.)
Crédito da Imagem: congerdesign por Pixabay